O projeto considerado por muitos como o melhor do país estampa as páginas da Privilège Mag e se preparam para voltar ao Privilège JF, dia 26, e encarar a primeira festa da Privilège Tour 15 Anos, em Vitória - ES. Leia a entrevista completa.
Por Raphael Paradella
Desde o início, em 2007, o projeto já chamava a atenção dos amantes das pistas. E foram necessários apenas dois anos para que eles estourassem na cena nacional. Aquilo que começou de um gosto musical compartilhado, ganhou forma. De lá para cá eles acumulam títulos, números e hits. Hoje, o projeto formado por Felipe Lozinsky e Gustavo Rozenthal acumula mais de 450 mil fãs de todo o mundo, somente no Facebook. Imagine se juntarmos tudo.
E muitos dizem que são únicos. E realmente são! Os únicos brasileiros a figurarem na lista dos melhores do mundo da revista inglesa DJ MAG, pelo terceiro ano consecutivo. Os únicos representantes da cena nacional no mega festival belga de música eletrônica, o Tomorrowland. No território nacional, o ranking da revista House Mag em 2013 os consagrou no topo dos 50 melhores DJs. Ao lado de Madonna, produziram o remix oficial do hit “Celebration” e fizeram a abertura da turnê no Brasil. E não param por aí, eles assinam produções ao lado de David Guetta, Black Eyed Peas, Flo Rida, Yves V, Dimitri Vegas & Like Mike, Tujamo e muitos outros. Entre tantos festivais, festas, pistas, viagens, prêmios, produções e parcerias, ainda conseguem ter tempo para família. Felipe, por exemplo, recentemente se tornou pai
Entre tantos gêneros da música eletrônica, é no electro house que eles estabelecem as raízes do trabalho que desenvolvem atualmente. Mas, também são fãs de um bom Rock’N’Roll.
Como surgiu a ideia de montar o projeto Felguk? Falem um pouco sobre esse início.
Felipe: Na verdade, eu fui ser estagiário o Gustavo em uma produtora de áudio. Lá, ele era engenheiro e começamos a conversar sobre música. Nisso, eu tinha recém chegado do Boom Festival, um festival de música eletrônica de Portugal, trazendo um gênero novo de música, que é o Electro House que a gente produz hoje. Trocamos algumas figurinhas e resolvemos sentar em um estúdio não profissional, que era até na casa dele, para fazer uma música. Fizemos, foi legal, mas não vamos continuar com este projeto.
Acabei vendendo a música para o selo alemão Plasmapool, do Miles Dyson. Ele acabou gostando muito da música e pediu para fazermos mais. Entrei em contato com o Gustavo para avisar que havia vendido a música. Então, resolvemos fazer uma hora de som e começar a nos apresentarmos. E estamos aí até hoje, há sete anos juntos.
É impossível não falar sobre a parceria com a Madonna. Como surgiu essa oportunidade e como encaram este trabalho hoje?
Sem dúvida, este foi um marco na carreira do Felguk. Este convite partiu da própria label dela que é a Warner. Ela fez “Celebration” e pediu para fazermos o remix. Fizemos uma coisa bem profissional e mandamos para ela. Obviamente, rolou aquele episódio que ela ligou para a gente e a gente não pode deixar de contar. Ela foi muito profissional ao telefone e disse que fizemos a versão que ela gostou. E por ela vir muito, acabou ficando muito amiga do Brasil e isso foi ótimo para nós.
Mas como ela conheceu vocês?
Foi pelo Jesus Luz, na época em que namorava ela. Eu o conheço lá de Laranjeiras e ele curte muito o nosso som. O Jesus acabou mostrando nosso trabalho para ela e disse que ela malhava ouvindo nosso som. E foi aí que ela resolveu chamar a gente para fazer o remix.
E além dela, vocês tem várias parcerias no currículo, como Black Eyed Peas, David Gueta, Yves V. Como é mesclar do estilo musical de vocês com o de outra pessoal?
Isso, temos muitas. Normalmente a gente convida para estas parcerias, que nós chamamos de “colaboration”, com pessoas que tem o mesmo gênero que a gente. Com o Yves V, por exemplo, a gente fez agora para o Tomorrowland. Ele produz mais ou menos o mesmo estilo, então foi bem fácil. A gente já tinha conversado, mandamos uma track (“WOW”) para ele e pronto.
Fizemos também com o Tim Healey, que é um grande amigo nosso. Quando ele veio ao Brasil, arrumou um tempo e foi para o nosso estúdio. Isso já tem um tempo, mas foi praticamente o único que entrou conosco no estúdio para gravar, por ele vir muito ao Rio. Os demais, geralmente, fazemos parcerias “offline”, na qual cada um manda uma parte, depois junta e faz os ajustes. Tivemos “colaborations” muito recentes com Dimitri Vegas & Like Mike e o Tujamo.
O mais legal deste tipo de parcerias é que pegamos muitas experiências, pela própria ‘troca de figurinhas’.
Agora vocês estão com um projeto novo que se chama Slice & Dice. Como foi a concepção deste novo trabalho?
Realmente, lançamos este trabalho no ano passado. Há seis anos, o Felguk vem lançando uma música atrás da outra, dentro do formato single de fazer e lançar, que não tem muito o que pensar. Este já foi diferente, paramos para pensar em um conceito para o EP, uma temática que também seria levada para o show. Então, conseguimos fazer uma coletânea na qual um track se comunica com a outra. Foi muito legal. A gente se sentiu como uma banda de rock, que constrói um álbum e começa a fazer a turnê dele.
Mas qual seria este conceito?
Essa é uma boa pergunta. Na verdade isso foi construído no estúdio música após música. É algo bem filosófico e conceitual. Acho que não consigo dizer em poucas palavras exatamente o que quisemos dizer para o público. Mas, o show vem com uma atmosfera bem próxima do álbum, com track fortes que mexem com Rock’N’Roll. São luzes piscantes em um paredão enorme atrás de nós. Quisemos fazer algo como rock e música eletrônica.
Em mais um ano, vocês figuram como únicos brasileiros na lista dos melhores do mundo da DJ MAG. Como é para vocês ter este reconhecimento?
Isso é ótimo! É sinal de que nosso trabalho está sendo reconhecido mundialmente. Isso dá ainda mais gás para que a gente continue fazendo o que a gente gosta.
E também levaram a bandeira do Brasil para o Tomorrowland. Como foi?
Esta foi a terceira edição que estivemos lá. Este festival foi ganhando muita força nos últimos anos, ainda mais depois de um vídeo viral que rolou aqui no Brasil. Levar o nome do país para este grande festival e ainda poder tocar vendo várias bandeiras brasileiras levantadas é algo incrível. Eu espero que este ano a gente vá novamente. Não foi atoa que já fizemos um hino com o Yves V [residente do festival], e agora com Dimitri Vegas & Like Mike. Realmente esperamos estar de volta este ano.
Pegando carona, como vocês sentem a diferença de tocar para um público de 30 mil pessoas em um festival e para o de um club, que é bem menor em quantidade?
Obviamente, existe uma diferença grande. A gente gosta de tocar para todos os públicos. São energias diferentes. Um club mais fechadinho é algo mais próximo. Já em um festival, geralmente tem o contato com a natureza... Não, sei bem descrever essa diferença. A gente acha excelente tocar das duas formas.
É claro que isso também interfere no set de vocês...
Sem dúvida. Não só o fato da quantidade de público ou por ser festival ou club, mas também varia de região para região. Em alguns lugares a gente toca ao mais pop, em festival costumamos tocar mais referências para que as pessoas reconheçam e, em outros lugares, apostamos no underground algumas vezes. Isso depende muito. Para cada festa a gente pensa um set diferente.
E existe algum lugar ou festival que vocês ainda tem vontade de tocar?
A gente gosta muito mesmo de rock. Então, existem alguns festivais que misturam rock e eletrônica, como o Coachella e o Glastonbury. Tivemos a oportunidade de tocar em alguns aqui do Brasil, como o Rock in Rio e no Loolapalooza, que segue esta linha de rock e e-music. A gente espera poder tocar, em breve, nestes outros.
Quais são os projetos do Felguk para este ano?
Sem dúvida nenhuma, vamos lançar músicas. Só não sabemos se serão no formado EP. Teremos novidades em estúdio, focados em fazer música e quem sabe consagrarmos algumas relíquias [risos]. Temos a previsão de fazermos outros show com temáticas diferentes, como o Slice & Dice. Mas ainda estamos programando o que além disso para este ano.
Então, vamos colocar um tempo um pouco maior nestes planos. Até onde vocês pretender chegar com o projeto Felguk?
Esta pergunta é realmente é complicada. A gente ama o que faz. Seria estranho dizer que ficar como está hoje já está ótimo, mas está muito bom. Se pudermos crescer mais é ótimo, claro. Queremos sempre agradar mais e mais pessoas.
Vocês já nos deram a deixa que gostam de rock, mas o que vocês costumam ouvir como consumidores de música?
Eu escuto de tudo o que tem rock. Mas, prefiro o lado mais pesado, como Linkin Park. Já o Gustavo vai do Coldplay, U2 e Red Hot Chilli Peppers. A gente sempre escuta Pearl Jam, Led Zeppelin e The Beatles, claro.
E isso influencia nas produções?
No que a gente toca sim, mas no que produzimos às vezes. Nem sempre isso vem de caso pensado. Muitas vezes, a gente senta e vai testando e acaba saindo algo bem próximo. Mas, nos sets sim, costumamos colocar referências musicais. Claro que não são aquelas que vivem tocando nas rádios, mas para o lado do rock, que é o que gostamos mais. Tipo, tocamos uma música nossa com referências do Red Hot [Chilli Peppers].
Privilége faz 15 anos e você também fazem parte desta história...
É muito legal falarmos disso. A história do Felguk começou em Juiz de Fora com o Privilège. Esta relação de Felguk e Privilège é como irmãos. Eu estava em Búzios recentemente e acabei trombando com o pessoal do Privilège. É sempre bom ter este contato. Não tem como passar um ano sem tocar no Privilège. Então, não poderia ser diferente. Este ano vai ser incrível!
Com tantas viagens e festas, como é a rotina de vocês?
É o famoso ‘twenty-four seven’ [risos]. Trabalhamos de segunda a domingo. Obviamente, cada um tem a sua vida pessoal , mas ficamos de segunda a quinta no estúdio, e saímos para tocar na sexta, sábado e domingo. Em encontro com o Gustavo todos os dias.