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A imensidão azul nos encanta, por isso, tentamos desvendar os segredos do mar com aqueles que respiram e os que com ele se inspiram, como a Banda do Mar.

Para uns, azul. Para outros, verde. Tem lugares em que a vida colore as profundezas; em outros, é chamado de morto. Os monstros lendários, as cidades perdidas e as batalhas piratas. A bordo, pescadores e tripulações. Na crista da onda, as pranchas e os cruzeiros. Nas profundezas, tesouros perdidos e um transatlântico que deu origem ao romance de Rose e Jack. Das grandes navegações, chegamos à história de um náufrago e Wilson. Na TV, virou programa. No cinema, consagrou clássicos. Nas rádios, imortalizou grandes canções. Nos livros, muitas aventuras. É trabalho e diversão... Ai, o mar!

 

 

Alguns veem o horizonte e o admiram, outros vão ao seu encontro. Da calmaria às tormentas, o mar inspirou poetas, músicos e pintores, mas também engenheiros e exploradores. Também, pudera! O planeta é chamado de azul por ter mais de 70% de sua superfície sob as águas. Atlântico, Ártico, Índico, Pacíficos, Antártico e outros tantos oceanos, marés e maresias. Fomos além das 20.000 léguas submarinas procurando Nemo e acabamos descobrindo que Iemanjá e Netuno têm um universo inteiro a ser desvendado.

 

 

 

 

O mar não foi nenhum empecilho quando dois nomes brasileiros resolveram cruzar o Atlântico para fazer música. Muito pelo contrário, serviu de inspiração para que Mallu Magalhães e Marcelo Camelo chegassem a terras lusitanas para desbravar ‘Índias’ musicais ao lado do percussionista português Fred Ferreira. Da convivência simples em rodas de amigos, surgiu um novo projeto, a Banda do Mar, como diz a própria vocalista. “Quando eu e o Marcelo mudamos pra Lisboa, nos aproximamos ainda mais do Fred. Ele virou nossa família lá, então a banda acabou acontecendo mais rápido. Somos três amigos que resolveram fazer música juntos. Só pensamos em fazer um disco legal e levar o show para todos os lugares que conseguirmos”, contou Mallu Magalhães.

 

 

Como sempre fomos bons de conversar, aproveitamos para perguntar sobre o nome. A resposta é simples: “Achamos que combinou com a banda e gostamos do fato do mar ter um significado diferente para cada pessoa. Tranquilidade para alguns e o mistério para outros”, diz. Foi, então, que entraram em estúdio e mergulharam na construção de um novo álbum durante o inverno de Lisboa. Mallu diz que foi algo bem natural. “Fomos compondo e as músicas saindo assim. Acho que acabamos nos completando e acabou tudo dando certo. Eu escrevi as músicas que canto e o Marcelo as dele. A gente fazia as letras e, quando estava quase pronto, mostrávamos aos outros e já íamos para o estúdio gravar”.

 

 

As músicas inéditas e as letras que contam um cotidiano simples de encontros e desencontros garantiram rapidamente ao grupo lugar de destaque entre portugueses e brasileiros, como diz Mallu. “O público tem sido incrível, estamos sendo muito bem recebidos e ouvindo muitas coisas boas sobre a Banda do Mar. Recebemos muitas mensagens de Portugal também, mas acho que conseguiremos sentir isso melhor no ano que vem, quando fizermos shows por lá”. Além disso, quando caíram nas graças do público, as músicas levaram o nome Banda do Mar (que foi uma sugestão de Marcelo Camelo) para o topo das paradas, curtidas e visualizações.

 

 

Em pouquíssimo tempo, por exemplo, o clipe de ‘Mais Ninguém’ atingiu milhares de visualizações no YouTube. Além de uma batida gostosa, a dancinha protagonizada por Fezinho deixou o vídeo com mais energia, segundo Mallu. “O Marcelo nos mostrou um vídeo do Fezinho e, quando colocamos com a música, achamos que tinha tudo a ver. A gente tentou dançar igual a ele no vídeo e nos divertimos muito com isso”. Bem a cara do rock dançante para “aquecer o corpo e coração”, como eles mesmos preferem dizer.

 

 

 

 

Quando se fala em mar, todo mundo pensa em férias, praia e diversão. Mas tem muita gente que pensa em trabalho. Estamos falando em mais de 55 milhões de pessoas no mundo que tiram sua renda da pesca e aquicultura, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Nesse número ainda não estão incluídos aqueles que trabalham com transporte marítimo, cruzeiros e turismo, então já dá para imaginar quantos tesouros o mar oferece para a economia mundial. O relatório Estado das Pescas e Aquicultura Mundiais, apresentado pela FAO em 2012 durante a Rio +20, revela ainda que o setor de pesca e aquicultura forneceu ao mundo cerca de 148 milhões de toneladas de alimentos em 2010, no valor de 217,5 milhões de dólares.

 

 

Mas além destes dados, procuramos por aqueles que fazem do mar o sustento para contar um pouco sobre esse estilo de vida. Caminhando pelas areias da Praia da Armação, em Búzios, encontramos Gino, um pescador aposentado de 72 anos, sentado à beira-mar ao lado de outros amigos que encararam e ainda veem as águas como fruto de trabalho. Com palavras simples e muitas histórias para contar, ele descreve quase 40 anos de pesca como um período de muito esforço e prazer. “É uma vida muito difícil e, na época que comecei, Búzios não tinha nada, só o mar e os pescadores. Passávamos praticamente 20 dias fora e 10 em casa, mas isso dava um dinheirinho bom para nós. Era muito sacrificante, mas a coisa melhor do trabalho é a pescaria mesmo”.

 

 

Com os olhos voltados para as mãos calejadas, ele se lembra de que quando trabalhou em ‘mar novo’. Esta modalidade de pesca consiste em vários pescadores embarcarem em uma expedição em alto mar, na qual cada um entrava em um pequeno bote para realizar a pesca, o dia inteiro, completamente sozinho. Depois, entrou no ramo da pesca de atum. “A gente contava com isso. A pesca de beira não dava em nada e precisávamos sair para conseguir sustentar a família. Isso era muito comum entre os pescadores de Búzios. Eram 30 botes pequenos e a gente passava noite e dia puxando as 800 braças na mão. Saíamos para pescar e depois de dois dias já voltávamos com o dinheiro”, conta Gino. Saudosista, hoje ele tem um barquinho com o qual ainda se permite viver uma vida mais tranquila, mas praticando aquilo que melhor sabe fazer: pescar. “Vida boa era aquela de mãos inchadas”, ressalta Gino ao falar do trabalho.

 

 

De outro lado, vemos o praticante de oficial de náutica, Ronan Brega, de 32 anos, que ainda respira as brisas do mar. Curioso e apaixonado pela atividade náutica desde muito jovem, em 2012 teve a oportunidade de trabalhar em plataforma de petróleo e logo depois realizou um concurso da marinha para segundo oficial de náutica. Agora, já concluído o curso de oficiais, ele aguarda em terra a hora do embarque.

 

 

“O praticante de oficial de náutica é um tipo de trainee. Nesta etapa, colocamos em prática o aprendizado do curso teórico e começamos a absorver o dia a dia da navegação. Aprendemos a rotina, a verificação e a manutenção dos equipamentos de segurança e salvatagem [salvamento], além da atualização de documentos e manobras de convés”, explica. Entre os tipos de expedição marítima, ele aponta três: Cabotagem, que é o transporte de cargas e passageiros entre portos nacionais Longo Curso, transporte internacional; ‘Offshore’ ou Apoio Marítimo, que está relacionado ao apoio logístico a embarcações de pesquisa, exploração e operações oceânicas.

 

 

Nada de maré mansa, pois o mar esconde muitos perigos. “A condição meteorológica é um deles. Em dias de mau tempo, por exemplo, é preciso ter cuidado com relação à visibilidade e à maré. As manobras, operações portuárias e a própria navegação necessitam de segurança, tripulação bem treinada e ações preventivas e corretivas em todos os equipamentos”. Ronan conta ainda que a família faz muita falta quando se está ao mar. “Não é fácil. Tem dias em que a saudade aperta e fazer uma ligação ou entrar em contato, por meio das redes sociais com amigos e familiares, ajuda bastante. Passamos e recebemos informações que nos tranquilizam e temos a certeza de que pessoas importantes em nossas vidas estão em terra, aguardando o nosso retorno”, conclui.

 

 

Mas o suor do trabalho parece ser compensado pela própria vida do mar, como conta Ronan ao se lembrar de um dos muitos momentos que viveu a bordo. “Poder assistir, por horas, baleias jubarte brincando com seus filhotes a menos de 200 metros foi algo incrível. É um presente no final de um longo dia de trabalho poder observar um lindo pôr do sol ou um belo luar refletindo na água. Isso serve de estímulo para seguir em frente e completar a nossa jornada de trabalho no mar”.

 

 

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