Bruce Leroys se prepara para esquentar a WE LOVE LOW em JF e também está na Privilège MAG #49 contando como foi a experiência do RMC.
RIO MUSIC CONFERENCE 2015
por Bruce Leroys
Muito legal escrever esse diário para a revista Privilège, pois há três anos nossa música, “Uncle Frank”, estava sendo tocada pela primeira vez, exatamente no club, pelo residente Marquinhus SP. Aquele momento marcou o nascimento do Bruce Leroys para o mundo. Por obra do destino, foi o público do Privilege JF que nos ouviu primeiro. Depois desse ‘start’, em 2013, assinamos essa mesma música e mais duas outras com um dos principais selos do mundo, o alemão OFF Recordings. Com esse primeiro lançamento, alcançamos as posições #13 do estilo Tech House com a ‘My Love Is’ – em parceria com Luthier e Ellie Ka - e #49 do Deep House com ‘Get Me Right’, ambas listadas entre as mais vendidas da loja virtual Beatport. Então, de certa forma, podemos dizer que o Privilège nos deu muita sorte logo de cara!
De lá para cá muita coisa rolou, mas fazer parte de um painel da maior conferência de música eletrônica do hemisfério sul e dividir cadeira com alguns ídolos e pessoas que respeitamos muito foi especial para nós. Entre os dias 04 e 07 de fevereiro, compartilhamos momentos com Peter Hook (New Order/Joy division), Miguel Marangas (Rock in Rio), Octavio Fagundes (Privilège), Renato Ratier, Gui Boratto, Muti Randolf, Anderson Noise entre diversos outros. É isso o que vamos contar pra vocês.
Como tudo tem um começo, em 2014, o Leo Janeiro, um dos curadores da Rio Music Conference, perguntou se nós poderíamos fazer uma participação no RMC Social. Achamos o projeto muito bacana e dissemos sim de imediato. Aconteceu no Centro Municipal de Referência da Música Carioca, na Tijuca, e foi demais! Adoramos a experiência de sair da individualidade da nossa sala hermeticamente fechada e barulhenta e sentir um espaço agradavelmente aberto, lotado e em total silêncio. Ali estava repleto de pessoas atentas e ávidas por conhecimento. Poucos dias depois, novamente nos perguntaram se poderíamos nos apresentar em um painel na edição regional norte, que aconteceria em Belém do Pará, e culminaria em uma grande festa no espaço Hangar, onde tocaríamos com Felguk, Vintage Culture e Alok. Claro, dissemos sim e foi mais um grande evento.
Depois disso, a surpresa veio em janeiro deste ano, quando ficamos sabendo da nossa participação na edição principal do RMC, no Rio de Janeiro. Mais bacana ainda foi saber que o painel teria o nome de ‘Brazilian Storm’, um nome que nos lembrou a atual geração do surf brasileiro. Nosso querido amigo Johnny Glövez seria o mediador e estaríamos cercados das feras: Volkoder, Chemical Surf, WAO e Repow. Legal dizer que, antes disso tudo, nós dois frequentamos todas as edições da conferência desde a primeira, que ainda acontecia na Marina da Glória, e somos testemunhas de como o RMC foi, e tem sido, importante pra evolução da economia criativa do país. Ou seja, era muita responsabilidade!
Mas antes de falar especificamente sobre nosso painel, voltamos um pouco a fita para ponderar sobre o que aconteceu de relevante nesta edição 2015. Afinal, o nosso painel foi no último dia e vários fatos marcantes já tinham acontecido na conferência e valem o destaque. No primeiro dia, focamos o painel do Peter Hook, que deixou claro que, desde sua época, o mercado já era muito difícil, com muitos problemas financeiros e complicações com o público. Ele também passou importantes informações sobre a alternância entre ser integrante de uma banda e ser DJ, dizendo que são dois mundos interligados, mas na prática, muito diferentes. Hook ainda conseguiu dar uma boa noção de ambiência e de como era viver naquela época –‘ 80’s early 90’s’ – como um ‘rockstar’.
Também assistimos a um painel do qual participava o assistente do secretário de cultura, responsável por projetos incentivados, e fizemos a pergunta que não quer calar: ‘Por que a praia do Rio não está aberta para os eventos de emusic e de outras manifestações culturais!?’ A resposta não saiu, mas obtivemos uma promessa de questionamento e de evolução desta conversa na secretaria de cultura. Veremos... Nesse dia, não conseguimos acompanhar muitos outros painéis, pois ficamos trocando ideia com outros players do mercado e conhecendo outros companheiros de pickups. Mas, no final do dia, foi bem interessante ver os ganhadores dos prêmios RMC sendo reconhecidos e fazendo seus discursos. Não ganhamos nada, mas a música que rolou ao fundo durante toda a premiação era um ‘podcast’ nosso! (rs)
Já no segundo dia, o grande assunto foi o post no instagram do Renato Ratier, logo depois de seus dois clubs terem vencido suas respectivas premiações. Ele reacendeu a velha polêmica ‘mainstream’ x ‘underground’ quando colocou uma foto com um papel escrito ‘EDM’ dentro de uma privada. Ratier chacoalhou o mercado com a audaciosa postagem e comentário. Uns se revoltaram, outros aplaudiram e nós ficamos “de camarote” assistindo o circo pegar fogo. Temos uma visão muito clara sobre o assunto, achamos que ambos os lados são importantes, têm espaço para todo mundo e que essa competição é normal como em qualquer outro mercado. O que sempre dizemos é que o pop está ficando cada vez mais inventivo e sutil e o underground está ficando cada vez mais pop. É uma eterna transformação. Polêmicas à parte, nesse dia, Diogo acompanhou os painéis mais técnicos. Entre eles: ‘Native Instrument’, o ‘Traktor’ vs. ‘Rekordbox’, um workshop sobre CDJ2000 Nexus e outro sobre timbragens em ‘Massive’ e ‘Sylenth1’.Mesmo usando todas essas ferramentas há anos, sempre tem algo para aprender com a experiência de profissionais gabaritados e dos colegas de profissão.
Por fim, chegamos ao dia do nosso painel. Nos encontramos no saguão do Hotel Pestana, onde foi realizado o evento, conversamos com o Jhonny e com o Chemical Surf – esses últimos acabávamos de conhecer e acertamos alguns detalhes sobre a dinâmica do painel. Diogo deu umas ideias para a pauta e seguimos para o salão, onde aconteceria o painel. Chegando lá, encontramos com um de nossos ídolos saindo da apresentação anterior: DJ Corello. Marcelo não aguentou e pediu até uma foto com ele. Foi bem bacana ter um profissional de tantos anos, com tanta bagagem, passando a cadeira da sala de conferência pra gente.
Depois das trocas e arrumações, sentamos e demos início. Para nossa surpresa, o salão estava lotado. É engraçado ver quanta gente estava interessada no que tínhamos pra falar, o que se tornou mais um motivo para assumirmos a responsabilidade de atender àquela audiência da melhor maneira possível. Inicialmente, nos apresentamos, falando um pouco sobre como começamos e a carreira. O interessante foi descobrir que o primeiro release do Chemical Surf em um label grande foi fechado em uma festa com um DJ que o Diogo vendeu através da Upper Agency. Na época, ele tinha feito o tour do Tube & Berger, da Kittball Records, e foi em uma gig que eles apresentaram a música para a dupla alemã, que curtiu e assinou. Legal foi saber que as nossas histórias se convergem em alguns pontos.
Depois disso, fomos direto ao assunto, base do painel. Conversamos sobre os motivos do crescimento dos produtores nacionais, quais as razões para esses sucessos, debatemos sobre o futuro do mercado e demos dicas para quem estava começando, estratégias, caminhos etc. Foi bem bacana! A sinergia entre todos no painel estava muito boa, com focos diferentes, mas pensamentos alinhados.
Depois do painel, Marcelo teve que focar nos detalhes de produção da sua ‘label party’, a Bootleg, que aconteceria à noite com o mestre Gui Boratto pela primeira vez ao Fosfobox club. Uma noite histórica! Mas isso é outro assunto... Esse foi um dia muito especial para nós dois, pois conseguimos passar as informações que queríamos e vimos que muita gente nos prestigiou. Sentíamos muito bem quando as pessoas vinham falar com a gente para elogiar nosso trabalho. Um saldo extremamente positivo. Que venham muitas outras oportunidades pela frente!
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